16.7.05

Quatro petistas e um publicitário numa noite suja de São Paulo.

São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005.

Genoino, Silvinho, Delúbio e Dirceu esperam a chegada de Valério. O publicitário está atrasado para a reunião. Uma reunião decisiva, o cerco da imprensa está se fechando. A CPI avança sobre as mentiras contadas por Valério no seu depoimento dado na última semana. Já sabem quem foi à agência do Banco Rural de Brasília sacar as quantias disponibilizadas pelas agências do publicitário. Os cinco precisam traçar uma nova estratégia para explicar os mais de 21 milhões de reais sacados. O clima é tenso. A idéia de Dirceu, o líder do grupo, é culpar Valério e Delúbio, blindando o PT, ele próprio, Genoino e o presidente. Delúbio ainda não sabe que vai para a fogueira e e nem que será jogado nela pelos próprios companheiros. Chega Valério. Não há cumprimentos calorosos como os que ocorriam quando da vitória do presidente em 2002. Naquele tempo o país parecia que pertencia a eles. O PT era a nova religião dos brasieliros. Já naquela época estavam enganados, o povo tinha um novo santo mas não uma nova igreja. O PT não tinha a mesma força do presidente Lula. Dirceu toma a palavra:
- Pessoal, está ficando difícil esconder essa merda toda. Tenho uma última idéia que pode funcionar mas será preciso o sacrifício de alguns dos companheiros.
Delúbio e Valério se olham. A posição dos cinco na mesa já deixa claro o que vai acontecer. Silvinho, Diceu e Genoino estão sentados de frente para os dois. Ao mesmo tempo os dois percebem que terão que sacrificar para salvar o partido. O ex-tesoreiro fala:
- O que eu e o Valério teremos que fazer?
- Gente, vocês vão me arruinar! Só hoje cancelaram três contratos com a DNA e a SMPB. - reclama o mineiro
- Não tem outro jeito. Não podemos deixar que isso continue. Vocês terão que ir à Globo amanhã e sábado para explicar de onde veio o dinheiro e dizer que ninguém mais sabia desses empréstimos. - determina o ex-chefe da Casa Civil
Delúbio concorda com um meneio de cabeça. Valério apenas passa as mãos no rosto. Genoino nada fala. Mal consegue olhar para o publicitário e para o seu companheiro de longa data. Não gosta de ver Delúbio indo para o inferno sozinho mas não há outro jeito de salvar o partido. Os cinco se levantam e saem.
(isso é ficção, mas poderia ser verdade do jeito que as coisas estão indo)