4.3.08

Souza e o créu

Muito se fala do Souza, atacante do Flamengo, que provocou a torcida do Botafogo com o seu choro de mentirinha depois do chororô alvinegro na final da taça guanabara. Muito se fala das provocações no futebol e das reações violentas dos jogadores contra os provocadores. Não se fala nada sobre a falta de educação e como ela está no princípio de todo esse espetáculo de terror em que se transformou o Brasil. Os jogadores reagem violentamente, pois esse é o instinto. Essa é a reação de quem não tem formulação intelectual para reagir de outro modo, com ironia talvez. Somos cada vez mais um país de analfabetos de raciocínio. Quanto menos instrução, menor é a capacidade de se entender o que ocorre ao redor. Um jogador de futebol tem, em média, oito anos de estudo, quando muito fez o segundo grau. Não lê, não vê televisão, poucos ouvem música de qualidade, são alheios a tudo que não diz respeito ao dia a dia de um atleta profissional. Quando vão jogar no exterior, pode notar, parece que não absorvem nada da cultura do país em que estão jogando, mesmo os que ficam por muitos anos. Sempre que podem, voltam ao Brasil, em todos os feriados, quando se machucam, nas férias. Até aprendem a língua, mas de maneira rarefeita, apenas o necessário para entender o "professor" e poder xingar os adversários e conversar com os companheiros. Não é culpa deles, foram criados assim. Sem acesso às ferramentas intelectuais para o aprendizado e assimilação dos estímulos externos. Por isso, raciocinam pouco e reagem muito. Esse é o Brasil do século XXI. Um Brasil moldado para o contínuo domínio sobre aqueles que sabem menos pela falsa mas poderosa percepção de que a sociedade de consumo está voltada para eles. Um Brasil imbecil. Cada vez mais.