7.10.08

Gramado, vitrine e Mengão













Quando começou, nem estava tanto frio. Na verdade, a esperança de assitir Flamengo x Náutico estando em Gramado, RS, era pequena. Mas eis que andando pela famosa Rua Coberta dei de cara com a vitrine da Paquetá Sports. O plasma sintonizado no Sportv trazia a boa notícia. Em Recife, o Mengão entrava em campo. Trazia também algumas preocupações. Na quarta, o Cruzeiro havia ganho; mais cedo São Paulo e Palmeiras também. Para completar a pressão, o Botafogo, que não serve para nada, havia deixado o Grêmio virar o jogo no Olímpico. Enfim, era fundamental ganhar num campo onde nenhum dos adversários diretos havia conseguido vencer o Timbú. Mas a maior preocupação mesmo é de que a qualquer momento se mudasse de canal nos plasmas ou a loja fechasse.
Com Toró no meio e o Ibson querendo brigar com todo mundo, fomos para cima. Na serra Gaúcha, um se aproximou e disse com sotaque mineiro: "Temos que ganhar hoje, de qualquer jeito". E ficou. A namorada (ou esposa) sorriu, resignada, e talvez até maravilhada com o esforço do namorado para ver o time do coração. "Vou ali olhar a igreja." "Vai sim. Compra um churros", respondeu o mineiro, feliz por ter ganho alguns minutos.
Nos Aflitos, Marcelinho achou Vandinho solto e o penalti foi marcado e convertido. Um a zero. Felicidade, mas medo da montanha de minutos até o fim. De repente, outro se aproximou e trocou olhares rubro-negros. Agora eramos três e estava fundada a Fla-Vitrine. Os colorados passavam e perguntavam em coro, mesmo que um a um: "Bah meu, não está passando o jogo do Colorado? Quem é que quer ver Flamengo e Náutico?". Nós queríamos e vimos. Fim de primeiro tempo. Ufam, até daqui a 15 minutos. Será que a TV seguirá ligada?
Continuou. Mais frio, mais colorados reclamando e mais pressão do Náutico. Bola na trave, bola na linha, bola salva pelo Bruno. Agora sozinho, olhava para os lados em busca dos dois outros pilares da Fla-Vitrine. Um logo voltou para sofrer, mais uma vez com a namorada ao lado. Dessa vez foram as pipocas que compraram mais alguns minutos.
No Recife, Caio Junior foi trocando e os minutos passando. Então, com a pressão no máximo, a compostura perdida e a missão quase cumprida, Leo Moura pegou a bola na intermediária pela direita. "Segura!!! Não!!!!!"O chute saiu um pouco alto, mas descaiu e morreu no ângulo. Dois a zero e os três pontos garantidos. Ou não? Aos 46, penalti para o Timbú e mais quatro minutos de acrescimo. "Ser Flamengo é estar 2 a 0 aos 44 e não ficar trânquilo". Mas o cara bateu para fora. Sorte de campeão? Tomara. Ao fim, um aperto de mãos: "Foi um prazer torcer ao seu lado".