7.4.09

Os EUAs




O refrigerante médio dá para dois. O XL é imenso e ainda tem o 2XL e o 3XL. O café é gigante e o pequeno se chama Tall (alto). Nos supermercados, raras frutas, legumes e verduras e fartas embalagens coloridas, muito sal, açúcar e batatas fritas. E tudo com o selo de saudável, ou verde. Mesmo que de mentirinha

Na TV, carrinhos elétricos de graça para os idosos, para os que não podem andar e para os que não querem mais tentar. No próximo comercial, advogados prometem processos. Processe seu chefe, seu vizinho, seu colega de trabalho. Processe quem te fez cair na rua, bater o carro, prender a mão na porta da loja. E mande seu ouro para esse endereço e receba centenas de dólares. E remédios. Não para dor de cabeça, enjôo ou febre alta, mas para insônia, artrite, depressão profunda e impotência sexual. Todos podem matar, ou aleijar e a voz no comercial nem muda de tom para narrar os efeitos colaterais. A economia anda mal, a General Motors está à beira da falência e nas ruas se vê o porquê. Hyundais, Hondas, Kias e etc dominam o gosto dos americanos.

Em Washington, Obama é ídolo. Está em camisas, bottons, posters. Estão vivendo o 2002 deles, quando o Lula chegou ao poder e todos acharam que o grande vingador finalmente tinha assumido seu lugar de direito. Vamos ver. E os jornalistas falam. Muito. Muitos, mais de cinco em cada programa. E os humoristas fazem piadas. Leno, Letterman, o escocês Ferguson e muitos outros.

Falando em crise, ela parece não ter chegado a Manhattan, sempre lotada de turistas, Madison Square Garden cheio, teatros da Broadway com sessões lotadas e superlojas do Times Square repletas. Já em Baltimore, mais ao sul e menos atraente, os desempregados tomam o mercado histórico no meio da tarde de um dia de semana. Quase todos negros, comendo suas gorduras e esperando o messias Barack.

Com crise ou não, segue sendo uma sociedade do super. Do maxi, multi e hiper. Das negonas do Harlen, dos gordões que cabem apenas nas camisas 2XL e 3XL. E das supertragédias. Volta e meia alguém saca uma arma e mata uma dúzia. Sem motivo. Ou sempre com o mesmo motivo: não se enquadrar no esquema. No american way of life.

E também a suprema sociedade do supérfluo. Quem é o novo American Idol? Quem é a Octamãe? Famosa por ter oito filhos e se parecer com a Angelina Jolie. Será que a mãe louca matou os dois filhos e agora quer ser top model? Um canal inteiro só para isso.