18.6.08

Rodoviária














Um banco, não sei se velho, não sei se verde ou azul. Logo ao lado, um velho e toda uma fila atrás dele. Há de tudo na fila - um infartado, duas amigas que vão ver os namorados, alguém indo enterrar o pai que morreu de repente, um turista, uma mulher velha demais para ser feliz. Na parede, abaixo dos horários e das regras mil que ninguém lê, mas obedece, um bebedouro que não mata a sede de ninguém nesse dia de verão. A mexicana que trabalha na loja de doces, salgados, refrigerantes e outros venenos é prima do bilheteiro e sobrinha do motorista. Está de mal humor e não sorri quando dá o troco com as mesmas mãos que serve a fatia de pizza. O ventilador acima de todos, de ferro e há muito preso na parede, faz mais barulho do que vento. O ônibus chega e todos se animam, mas o motorista avisa que as 5 horas até Las Vegas serão feitas de janelas abertas na tarde escaldante do deserto. O ar-condicionado quebrou. Um negro, gordo demais como os americanos conseguem ser, desiste, devolve o bilhete e pega um taxi para o aeroporto.