22.3.05

Diário da Distância 1

Ane,
como a noite é longa numa cama de solteiro num quarto que não é meu numa cidade a mil e quinhentos quilômetros de onde eu deveria estar. O silêncio é tão definitivo quando sei que não vou te ouvir. O telefone não cura essa surdez através da sua linha. A distância segue ali no trajeto entre o primeiro e o último dígito de 0215132281090. Muito longe, quase um mar. Os dias têm sido na sua maioria quentes aqui no Rio de Janeiro. As vezes chove, as vezes não. O trânsito é louco e lento. Os cariocas não conhecem os conceitos de faixa de pedestres e parada de ônibus. Quando o essencial nos falta é preciso se agarrar ao fútil. Rir da piada antes que o pranto se espalhe. Tenho tanta saudade de você que é difícil piscar os olhos. Sempre que torno a abri-los me decepciono por não te ver. Fotos não bastam. São frias e mudas. Será que um dia voltaremos a implicar um com o outro sobre a cortina do banheiro ou a luz acesa de madrugada. Tomara que sim. Venha.....