8.5.08

A praga dela

Ela disse, sem perdão: -Tomara que perca!
E perdeu. Perdeu mesmo, perdeu daquele jeito que fica difícil esquecer. A noite começou estranha, com uma acusação falsa. Uma desatenção, uma ausência. Aí fomos para o outro lado, o lado dos perdedores, e ainda por cima esqueci meu amuleto. aquela camisa que não foi derrotada esse ano ainda. Ficou na mochila, em casa, fruto de um orgulho por uma novidade de 150 reais.
A noite seguiu estranha. Pouco se gritou: "Cegai mãe da lua!", e as bolas foram entrando, uma a uma, até o inacreditável 3 x 0. Quem diria? Quem poderia imaginar? Ela queria, ela disse, ela rogou praga. Depois, ainda espezinhou: "Nunca duvide das minhas pragas", riu no frio distante de São Paulo. Perdemos para a raiva de ter ficado sozinha, a 480 km, e gripada. Não tinha como dar certo. Quebrei a regra maior de Benjor: "Depois de você, bem depois, só o Flamengo".
Estamos fora, inapelavelmente fora. Nem o mais fanático mexicano poderia imaginar. Perdemos para o espaço vazio. Para aquelas cadeiras azuis desertas pela falta de confiança de torcedores espantados com a distância e com os 4 x 2 do Azteca. Mas perdemos. Em certo ponto da noite, a um gol do desastre, veio a compreensão: "Estamos numa noite ruim. Nada está dando certo. Precisamos evitar o desastre".
Tínhamos que ter recuado, Joel tinha que ter colocado os volantes todos. Segurar o 0 x 2. Danem-se as vaias, danem-se os apupos. O importante era sobreviver, passar de fase. Mas perecemos. Batemos de frente com o acaso e foi perda total. Resta o silêncio. Resta deixar as feridas fecharem para que, aos poucos, o som, o velho som tome conta de novo: "Tu és time de tradição....."

5.5.08

Maioria













Sou maioria. Onde vou sou maioria. Para onde olho, vejo outros como eu. Maioria. Estamos por aí, espalhados, mas maioria. Quando nos juntamos, somos Nação. Todos das mesmas cores, duas, vermelho e preto. É bom ser maioria. É bom cantar junto e calar os outros. Já disseram que somos todos menos alguns, e é verdade. De vez em quando, somos todos, sem faltar ninguém. Botamos medo, mudamos o jogo, ensurdecemos. E gritamos. Gritamos sempre, mesmo quando está 0 X 3. Uns têm medo de nós. E devem mesmo ter . devem rezar para não darem de frente conosco. Pois somos tantos, e gritamos sempre. E cantamos. E transformamos um estádio. Um jogo, um campeonato. Várias vidas. Muitas vidas, quase todas as vidas. Sou maioria, sou Flamengo e sou feliz.