18.10.07

Torcendo contra a seleção de Dunga

Sobre o futebol brasileiro, minha opinião - sem tirar nem pôr:

"(...)A desfaçatez com que deixamos nosso futebol apodrecer à luz dos holofotes desanima e desespera, como se estivéssemos condenados à mediocridade. O desespero é tanto que ontem tentei torcer contra o time de Dunga, como o próprio Maracanã, lindo, lotado e louco para soltar a vaia.
Mas Ronaldinho, Robinho e Kaká tornam essa tarefa impossível. Seus golaços e jogadaças, importadas, nos anestesiam e reforçam nossa miséria exuberante. São como anjos do mal, enchendo de graça o enterro de nossa maior paixão."

SÉRGIO MALBERGIER
Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas. E-mail: smalberg@uol.com.br


16.10.07

um diálogo











Patrick Bateman: I don't think we should see each other any more.

Evelyn Willians: Why? What's wrong?
Patrick Bateman: I need to engage in homicidal behaviour on a massive scale. It can not be corrected but I have no other way to fulfill my needs.
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Patrick: Acho que a gente tem que se separar.
Evelyn: Por que? Algo errado?
Patrick: Eu preciso me dedicar a um comportamento homicida em larga escala. Isso não pode ser corrigido e eu não tenho outra maneira de satisfazer os meus desejos.


(De American Psycho, filme de 2000, dirigido por Mary Haron.)

10.10.07

Dois textos

Queria ser Clarah Averbuck

Quis escrever um conto sujo. Cheio de imundice, de escrotidão. Um relato cru e direto. Um soco no estômago do leitor. Quis contar meus podres, mostrar o quanto sou fétido e imoral. Quis falar dos meus porres, dos meus erros, dos meus bofes. De quando dormi com os ratos, entre baratas, no meio do lixo. Quis expor meus cancros, meus cânceres, expressar meus ódios. Quis porque sei que o vil vende, atrai, purifica. Sei que ia ser um sucesso, um best-seller. Quem não gosta de mundo cão? Então examinei, busquei fundo, olhei bem em cada canto da minha vida. E não achei nada. Descobri que sou um ridículo menininho de classe média, filhinho de papai e mamãe. Formado em boa escola, com todos os dentes, intercâmbio no exterior, namorada certa. Transo sempre de camisinha. Já abracei a Lagoa, fui voluntário, trabalhei em ONG. Sou certinho, bonitinho, direitinho. Minha vida não vende. Nunca traí, nunca matei, não vomitei na sarjeta nem tive minha cara lambida por um cão sarnento. Talvez, quem sabe, numa outra vida volto mais sórdido, mais sujo e ai fico rico.
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Caetano e meu pai

Meu pai não gosta do Caetano
Quando Caetano canta
Quando Caetano dança
Meu pai não gosta
Meu pai não canta
Quase não dança
Não tanto quanto o Caetano

Meu pai e Caetano se parecem
Têm quase 70 e juntos envelhecem
Ao ver Caetano, lembro meu pai
Os dois quase iguais
Tão opostos
Tão mortais.
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(I.A.T., 10/10/07)

5.10.07

Somos todos menos alguns

Flamengo 1 x 0 São Paulo (04/10/2007)












Não fui, é verdade. Tenho andado ocupado, sem dinheiro, metido a intelectual e com o cartão de crédito da mãe no festival do rio. Eram 70 mil menos eu. Fiquei sabendo que desbancamos o líder no meio do escuro, entre romenos e soldados americanos num filme sem fim. Hoje, as bancas gritavam e as ruas amanheceram pintadas. Tudo como sempre foi e sempre será. Culpado e arrependido, domingo estarei lá. Espero que me recebam de volta de braços abertos.