24.9.07

de um guardanapo de avião

De tanta saudade, de tanta distância, hoje sou só ausência
De não te ver, de ser sem ter, hoje sou só exílio
De quanta vontade, para uma nova verdade, hoje sou só certeza.

14.9.07

minúsculo














um congresso de merda. não merece maiúsculas. não merece manchetes. um senado de bosta, composto por pelo menos 40 canalhas. não merece nada mais do que uma chuva de excremento, um vendaval de insultos, um mar de pedradas. um país sem surpresas, sem melindres, sem vergonha, sem pudor. aqui ele rouba, você desvia, nós mentimos, o jabor escreve e ninguém vai preso.

3.9.07

meu brasil?

Ai está, um brasil cada vez mais burro, mais falso, mais pobre, mais violento, mais funk, mais telemarketing, mais central de atendimento, mais evangélico, mais sem capacete e avançando o sinal. Um brasil muito mais bope, mais assassino, estuprador, molestador de criança. Um brasil que saqueia e dá golpe em quem já morreu, quem caiu do ceu. Um brasil que mata na pista do aeroporto, na cela da cadeia, na cama do hospital, no buraco da obra mal feita, debaixo do prédio feito de areia da praia. Ai está, um brasil, cada vez mais renan e roriz, e lula e vavá e dirceu, cada vez mais marta, cada vez mais cesar maia, que transborda garotinho e rosinha. Um brasil que traz de volta o Collor, elege o clodovil e absolve todo mundo (salve o STF!). Ai está, um brasil cada vez mais eurico e caixa d' água (mesmo morto), com um ricardo teixeira e um nuzman em cada esquina, lotado de galvão bueno e empesteado de dunga. Ai está, um brasil cada vez menos real, inteligente, cada vez menos Nelson Rodrigues ou Paulo Francis. Um brasil cada vez menos Chico Buarque, Noel Rosa ou Cartola. Onde foram parar os Rubens Bragas, os Rubens Fonsecas ou os Drummonds? O que se vê é um mar de alemãos, siris, galisteus, gimenes, cafeteiras e severinos. O que temos diante de nós, dia a dia, é um brasil triste, envelhecido, caótico, podre, quase pútrido. Um brasil sem caminho, sem luz no fim do túnel. Um brasil atrasado, de cabeça baixa, atrofiado, retrógrado, jogado às traças. Um brasil atolado num mar de mediocres, sendo puxado por uma correnteza de canalhas, afogado num lago estúpidos. Quando se dará um basta no desmando, no descaso, no desaforo? Eu não sei, você não desconfia, ele não imagina, nos nem ao menos esperamos. Talvez Deus saiba, mas nem esse parece se preocupar com essa terra que um dia foi cheia de vida e hoje morre esturricada, entre queimadas e plantações de soja.

1.9.07

Long Beach















Em Long Beach, tudo pode. Tirando, é claro, tudo aquilo que é proibido. Depois das sete não tem mais ônibus e, fora no centro, nunca há alguém nas calçadas. Nos cruzamentos, sempre havia um carro que ia para esquerda, outro para a direita, um ainda seguia em frente e, os mais radicais, retornavam em U. Long Beach parece habitada por carros. Carros que tiram dinheiro no banco, carros que pedem comida na lanchonete, pagam e comem a comida. Já as pessoas - ou os americanos, no caso - seguem as mesmas. Respeitando regras e sorrindo, mas sempre deixando claro que não te conhecem e, no fundo no fundo, que até têm um pouco de medo de você, ou raiva, ou os dois. São impecavelmente educados, de uma cordialidade agressiva e irremovível. Horários são horários, mãos foram feitas para apertar e faces raramente para beijar. Na TV, sempre que podia, um senador republicano garantia que não era gay apesar de ter proposto um felatio para um policial num aeroporto no meio do país e milhares de jornalistas debatiam. Os jornalistas americanos são mestres na arte de debater o nada e incluir cada vez mais pessoas na conversa. Quando o senador saía de cena, entrava o jogador negro de futebol americano, que aproveitava para se desculpar pelas brigas de cachorro que patrocinou. Ainda na TV, instruções de como sobreviver a um desastre com o seu kit de emergência totalmente caseiro ("Os bombeiros podem levar até 72 horas para chega!", ameaçavam). O capitalismo segue à toda, oferecendo tudo a quem pode pagar. Os Estados Unidos, ou Long Beach, seguem os mesmos. Falam apenas inglês apesar do mar de mexicanos, ignoram o resto do mundo, estão um pouco mais assustados, é verdade, mas seguem firmes. Dez dias entre eles confirmou algumas certezas e materializou alguns clichês.